Newsletter CKM_
Cadastre-se para receber nossas publicações por e-mail.
Acompanhe também no
Comentário: Guilherme Sartori Testa da equipe de Imobiliário e Agrário CTA_
A falta de espaços para utilização é um fenômeno sempre crescente no mercado imobiliário. De um lado a alta dos preços, em especial no Rio de Janeiro e São Paulo, e a escassez de áreas vazias tornam cada vez maior a pressão dos construtores para o máximo aproveitamento dos espaços úteis nos empreendimentos.
Do lado dos consumidores, o principal reflexo é a adoção de um estilo de vida que impõe a utilização de espaços cada vez menores e mais caros. Do lado dos empreendedores, a criação de novos empreendimentos e produtos diferenciados é fomentada pela falta de espaços e, ainda mais, pela imposição de novas restrições para a edificação de novos prédios.
Uma reflexo dessa realidade foi o novo plano diretor de São Paulo, que impôs limitações e adicionou custo à criação de vagas de garagem, conforme noticia a revista exame nesta matéria.
Notícia: Vagas de garagem podem valorizar apartamentos em mais de 20%
São Paulo – A falta de vagas de garagens e estacionamentos em determinadas regiões das grandes cidades pode valorizar em mais de 20% um apartamento que inclui vagas em relação a um imóvel semelhante, mas que não oferece vaga para veículos.
Esse é o resultado de um levantamento do Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi Rio), realizado em oito bairros localizados na Zona Sul e na Zona Norte da cidade. A pesquisa faz parte do Panorama do Mercado Imobiliário de 2014, que será divulgado pela entidade no dia 24 deste mês.
Um apartamento de dois quartos com garagem no Leblon, bairro da Zona Sul, é, em média, 22,8% mais caro do que um imóvel de dois quartos, mas sem vaga, localizado no mesmo bairro. Em Laranjeiras, também na Zona Sul, a diferença é de 22,7%.
Em Ipanema, Botafogo, Méier, Tijuca, Copacabana e Flamengo, os porcentuais são menores, mas ainda ultrapassam 10%. “O valor da vaga de garagem na cidade corresponde, em média, entre 7% a 9% do valor do imóvel”, diz Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio.
Veja, na tabela a seguir, a diferença de preços entre apartamentos de dois dormitórios com e sem vagas de garagem em oito bairros do Rio de Janeiro:
Leblon | 22,80% |
Laranjeiras | 22,70% |
Ipanema | 19,80% |
Botafogo | 18,10% |
Méier | 18% |
Tijuca | 17,60% |
Copacabana | 12,20% |
Flamengo | 10,60% |
Fonte: Secovi Rio
A garagem é considerada uma unidade autônoma e faz parte da área comum do imóvel. Seu valor é adicionado ao preço da unidade com base em seu custo de construção.
Mas o custo de uma vaga depende da necessidade de espaços para estacionamento na região na qual está localizada. Quanto maior a procura, mais alto será o seu preço.
Alguns bairros que fazem parte do levantamento do Secovi Rio incluem muitos apartamentos antigos, que foram construídos sem garagens.
Além disso, estão localizados em regiões que limitam a construção de vagas nos empreendimentos. Por ficarem próximos a praias, a areia e água existente no subsolo impedem a construção de estruturas subterrâneas.
Essas características fazem com que, naturalmente, o valor da garagem nesses bairros fique acima da média registrada na cidade.
O vice-presidente do Secovi Rio também cita a falta de investimentos em melhorias no transporte público da cidade, além do aumento do financiamento para a compra de carros nos últimos anos, como fatores que contribuíram para ampliar a necessidade por garagens.
Nos bairros incluídos no levantamento, as vagas ficaram ainda mais escassas com o boom imobiliário registrado na cidade nos últimos cinco anos.
Diversos prédios foram construídos nessas regiões e ocuparam terrenos que antes eram utilizados como estacionamentos, segundo Schneider. “No período, a diferença de valor entre um prédio com e sem garagem dobrou: passou de 10% para 20%.”
Quem tem um imóvel com garagem em um bairro com escassez de vagas, portanto, pode ser beneficiado caso queira vender o apartamento.
A tendência é que a vaga de garagem continue valorizando o imóvel até que haja melhorias no transporte coletivo da cidade, diz Schneider, do Secovi Rio. “Não dá para prever quando isso irá acontecer, mas sabemos que é difícil haver mudanças significativas no curto prazo”.
São Paulo pode seguir o mesmo caminho
Com uma estrutura geológica favorável à construção de garagens nos subsolos dos prédios, além de uma lei que exigia a construção de, no mínimo, uma vaga por imóvel, até há pouco tempo São Paulo não sofria com a escassez de garagens, ou não no mesmo nível que o Rio, ao menos.
Na cidade, vagas em apartamentos de dois quartos em bairros bem localizados representam, em média, de 8% a 12% do valor do imóvel, segundo Ricardo Yazbek, vice-presidente de Legislação Urbana do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP).
Porém, o novo Plano Diretor da cidade, que define as regras para a construção de empreendimentos, anunciado em 31 de julho de 2014, passou a deixar de exigir um número mínimo de vagas de garagem por imóvel e a limitar o número de vagas de garagem em novos prédios próximos a eixos de transporte público, como corredores de ônibus e estações de metrô.
Nessas regiões, desde julho do ano passado, apenas uma vaga de garagem por apartamento não é incluída no potencial construtivo do empreendimento. Construtoras que quiserem construir prédios com mais de uma vaga de garagem por apartamento ficaram obrigadas a descontar os espaços adicionais do total que pode ser construído no espaço.
A lei antiga permitia que mais vagas de garagem não fossem incluídas no potencial construtivo da obra. “Com os terrenos cada vez mais caros, quem quiser oferecer mais de uma vaga por apartamento nesses locais certamente irá vendê-la por um preço mais alto para compensar a restrição”, diz Yazbek.
O executivo do Secovi-SP acredita, portanto, que a nova regra deve valorizar apartamentos com vagas de garagem já existentes nesses locais. “A diferença de valor entre um imóvel com e sem garagem pode se ampliar e se aproximar da situação verificada no Rio”.
Mas Yazbek ressalta que essa valorização tem um limite no médio prazo. “Daqui a cerca de seis anos, novas estações de metrô e melhorias no transporte público devem diminuir a necessidade do uso de veículos e, consequentemente, das vagas”.
Como muitos imóveis novos ainda serão lançados na cidade sob as regras antigas, o diretor do Secovi-SP estima que o impacto das novas regras só possa ser observado a partir do segundo semestre do ano que vem.
(Fonte: http://goo.gl/MB3kE3)